Estamos cercados de música por todos os lados, ela está nos carros, no supermercado, nas lojas, em casa, na televisão, no cinema, nos celulares e até em Marte quando, em 1997, músicas eram transmitidas pela NASA até o Planeta Vermelho para “acordar” o robô Sojourner, que fazia parte da missão Mars Pathfinder.

Enfim, a música faz parte das nossas vidas e é capaz de despertar em nós lembranças, euforia, calma, agitação, ou seja, ela age no sentimento humano de um modo geral.  Com isso, muitos médicos fazem uso da música para tratar vários problemas psicológicos e neurológicos, é a chamada Musicoterapia.  

O que é Musicoterapia?

Trabalhando no ramo há 30 anos, a psicóloga e musicoterapeuta Simone Presotti Tibúrcio explica que a Musicoterapia é uma forma de tratar os pacientes através da música com o objetivo de trabalhar a cognição e as emoções ativando várias áreas do cérebro como córtex, amígdala, hipocampo, entre outros. “Essas áreas são ativadas positivamente ao serem trabalhadas pela música e proporcionam a melhora do humor, a atenção, a concentração, a memória e outras lembranças profundas”, disse a musicoterapeuta.

A musicoterapia é feita com a execução de uma música ou trecho musical, por meio do qual o paciente vai acompanhando e participando ativamente e o tratamento é indicado para vários casos, abrangendo toda a área clínica, como elucidou Simone. “Podemos trabalhar com crianças, idoso, com tratamento de doenças crônicas, na neuroreabilitação de AVC, estresse, depressão, déficit de atenção e em uma infinidade de terapias”.

Além da terapia

A influência da música na vida das pessoas vai muito além da área clínica. Segundo Simone, a musicoterapia é usada também no setor empresarial onde o musicoterapeuta desenvolve dinâmicas de grupo e escolhe repertórios propícios para estimular aspectos como liderança, cooperação e produtividade para os funcionários de determinada corporação.

Até mesmo o comércio recorre aos musicoterapeutas a fim de desenvolver um som ambiente agradável para o público. “Trabalho junto a lojas na elaboração de reportórios que atraia o público alvo e o faça se sentir bem dentro da loja”, comentou Simone.

Música em casa

Com o chamado novo normal, estamos ficando cada vez mais em casa e o isolamento social pode causar depressão, ansiedade, pânico e vários outros distúrbios psicológicos e investir em um equipamento de som para usar a música como forma de terapia pode ser uma saída para aliviar a mente nesse período que atravessamos. “A música tem o poder de ser significante para a expressão do sujeito. Colocar a música na função de elaboração de conteúdo emocional é muito mais fácil, pois tem o contexto lúdico, sendo muito mais agradável como terapia do que focar só no campo das palavras”, declarou Simone.

De acordo com a musicoterapeuta, cada indivíduo reage de forma diferente com cada estilo de música, não havendo uma fórmula na hora de montar um repertório que proporcione bem-estar ao paciente. “Sempre levamos em consideração o gosto pessoal de cada indivíduo. O Bolero de Ravel, por exemplo, pode proporcionar tranquilidade pra uns e pode causar agitação em outros. Então o que vale é o sentimento individual, seja com música clássica, pagode ou música POP”, explicou Simone.

Para a musicoterapeuta, não importa se é em casa, na clínica, sozinho ou em grupo, a música é um santo remédio tanto para o corpo como pra alma. “Quando você escuta uma música que te dá prazer , o organismo produz endorfina que são promotoras de bem-estar e de saúde mental ”, concluiu Simone.